A Duquesa e a Revolução


"Ela é uma de nós", disse a Rainha Mãe à sua filha Rainha Elizabeth II do Reino Unido, após terem sido apresentadas a Audrey Hepburn. De onde vem a realeza? Tanto por sua delicadeza quanto pelo sangue azul. O Rei Eduardo III da Inglaterra e o conde de Bothswell, James Hepburn (terceiro marido de Mary, Rainha dos Escoceses) estão entre os nomes mais conhecidos da linhagem de Audrey Hepburn. Por causa desses antepassados, a atriz tinha como parentes distantes Katherine Hepburn, Humphrey Bogart e o próprio príncipe Rainier III de Mônaco.

Sua juventude, no entanto, passou longe de mansões, vestidos de organza e chá importado da Inglaterra, onde nascera. Após ter sofrido com o abandono de seu pai, aos seis anos, Audrey se mudou para Arnhem, na Holanda para viver com a família materna e onde também passou por anos de muita privação durante a Segunda Guerra. Em 1940, Audrey testemunhou a invasão alemã ao país, o confisco de todos os seus bens e o fuzilamento de um tio e um primo. Um de seus dois meio-irmãos, filhos do primeiro casamento de sua mãe, foi levado para um campo de concentração na Alemanha. Para ajudar a Resistência Holandesa, a bailarina chegou a se apresentar algumas vezes para platéias assustadas, silenciosas e sofridas, para arrecadar fundos. "A melhor audiência que tive em toda minha carreira não fazia um único som ao término de minhas performances", dizia Audrey Hepburn.

A comida se tornou tão escassa que quem comesse mais do que 200 calorias diárias era considerado um favorecido. Desnutrida, Audrey chegou a ficar entre a vida e a morte por causa da fome, com sintomas de anemia, asma e edemas pelos olhos e corpo. Quando não dormia para poupar as forças, a jovem desenhava sempre que sentia o desespero subir-lhe à cabeça e, assim, esquecia de toda realidade expressando o que lhe vinha no íntimo. "Eu tenho memórias", declarou a atriz uma vez.

Ao término da guerra, ela estava então com 16 anos e sentiu-se tão aliviada que chegou a engordar quase 20 quilos com a possibilidade de simplesmente poder comer. Os duros anos de fome, miséria, violência e grandes demonstrações de coragem lhe fizeram ver a frágil condição humana neste planeta e lhe impulsionaram para participar de missões da ONU em países arrasados pela desnutrição infantil como Etiópia, Somália e Bangladesh. Nos anos 80, ganhou a honra de se tornar embaixatriz da Unicef e lutou até morrer pelas famintas crianças que sofriam as consequências de guerras travadas por aqueles que jamais sofrerão as privações de uma delas.

Fontes:
www.msn.bolsademulher.com/texto
www.peoplequiz.com/imagem

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